
“Quem não poupou o seu próprio Filho e o entregou por todos, como não nos haverá de agraciar em tudo junto com ele?” ( Rm 8,32 ).
Como se referir a tão insondável mistério? Como descrever a magnitude deste Santo Sacrifício, o mais augusto e excelente de todos?
A Eucaristia é a fonte e o ápice de toda a vida cristã”.Os demais sacramentos, assim como todos os ministérios eclesiásticos e tarefas apostólicas, ligam-se à sagrada Eucaristia e a ela se ordenam (CIC 1324)
Partindo de uma perspectiva eclesiástica, cujas riquezas espirituais são incomensuráveis; os cristãos católicos mergulham no mistério profundo da fé, voltando-se inteiramente ao cume mais elevado, a alma da religião que é a Santa Missa: onde se renova a imolação do salvador, o mesmo sacrifício expiatório oferecido sobre o bendito madeiro da Santa cruz; é tudo acontecendo misticamente. Quando participamos do sacrifício eucarístico, devemos pensar: estou no calvário! Portanto, não é mera representação da paixão e morte do Senhor; é real e presente, “Verdadeiro e próprio sacrifício, no qual, imolando-se incruentamente, o sumo sacerdote faz aquilo que fez uma vez sobre a cruz, oferecendo-se todo ao Pai, vítima agradabilíssima” (Mediator Dei). Esta consciência faz com que o fiel contemple a Obra da Redenção, e não pense que estar em um evento qualquer onde pode se acrescentar ou tirar algo; tudo o que ocorre na Santa Missa, por si só, é suficiente! Não dá para usar de criatividade. É a liturgia que nos dá vida! Com isto, entende-se que a participação ativa é sobretudo, deixar-se envolver pelo mistério, o qual inúmeras vezes ignoramos, porque participamos como cristãos mortos ou vazio de sentido. Devemos pedir a Nosso Senhor que nos ajude a completar em nós o que faltou na Sua Paixão, como diz o Apóstolo. Que nada mais é que a disposição interior para unir-se a ele e imitá-lo! “É necessário que todos os fiéis tenham por seu principal dever a suma dignidade participar do santo sacrifício eucarístico, não com assistência passiva, negligente e distraída, mas com tal empenho e fervor”(MD).
A Santa Missa é o cerne da espiritualidade cristã, manancial de salvação, onde gozamos dos seus benefícios; Tesouro Oculto, do qual a chave pertence aos ministros ordenados que são os dispensadores dos bens celestes. Disse Bento XVI, “A Igreja vive para partilhar com os outros a única coisa que possui: o próprio Cristo”. Esta ousadia da Igreja dizer que “o próprio Cristo” a ela pertence é demonstração também da sua pertença ao Esposo Imaculado. Nesse acontecimento místico (A Santa Missa) vimos uma entrega recíproca da união esponsal de Cristo e a Igreja.
A santíssima Eucaristia contém todo o bem espiritual da Igreja, a saber o próprio Cristo, nossa Páscoa” (CIC 124). O que dizer a respeito de tão perene sacrifício, se não tributar-lhe louvores de ação de graças e esse Deus que quis permanecer conosco todos os dias até a consumação dos séculos, cf.Mt 28,20.
Desse modo, aplicamo-nos a honrar os fins deste sublime sacramento, que são quatro: glorificação de Deus, ação de graças, expiação e impetração. [Compreende-se portanto, facilmente, porque o sacrossanto concílio de trento afirma que com o sacrifício eucarístico nos é aplicada a salutar virtude da cruz para a remissão dos pecados cotidianos] Na participação fervorosa e piedosa em que a alma fiel deseja unir-se a seu Senhor também diz “ Quero permanecer convosco, até que a eternidade que agora me toca, nos una para sempre”, uma vez que a Santa Missa é o céu de Deus tocando a miséria do homem. Ó banquete sagrado, liturgia celeste! Que atingindo a alma, a enriquece com o mais valioso e nobre tesouro; Tudo em ti é infinito, causando neste ser finito uma eterna sede que só o eterno sacia, causando mais sede.
Por uma monja, Pobre de Jesus Cristo